Durante
toda a nossa vida vamos sedimentando valores oriundos de várias vias por onde
caminhamos. As experiências adquiridas nesses percursos denominamos de muitas
formas, muitas das vezes chamamos de inteligência, sabedoria, esperteza, e até
intuição, sensibilidade...
Se
formos classificar os itens citados acima, teremos outras vertentes, como a
inteligência, por exemplo, ela se divide em categorias tais como: a emocional,
interpessoal, intrapessoal, corporal, cognitiva...
Na
verdade, porém, tudo é um grande conjunto de apanhados daqui e dali, que na
luta pela sobrevivência nos agarramos naquele que percebemos ou sentimos ser o
mais viável nessa longa trajetória chamada vida, ou o que nos convém naquele
momento.
Acontece que apesar de lutarmos muito e termos
o nosso instinto de sobrevivência ela, a vida, se torna de difícil entendimento
e aceitação. Quem por exemplo aceita a separação definitiva de um ente querido?
Quem consegue entender os disparates da vida, que não nos deixa viver a
felicidade simples e sistemática, nos proporcionando apenas fragmentos de vislumbre
do que poderia vir a ser a tal felicidade? Quem consegue entender a divisão de
bens, poderes, facilidades, divisão desproporcional, incorreta e desigual? Quem
consegue entender a diversidade das religiões, crenças e fé professadas das
mais diferentes formas? Quando ouvimos alguém dizer, estufando o peito: “O MEU
DEUS É MAIS”, quantos deuses existem?
Ocorre
que nos emaranhados do processo cotidiano (pois a nossa vida é uma somatória de
pequenos acontecimentos diários), apelamos a subterfúgios na esperança de
completar um vazio por demais insistente que bate a nossa porta. Desta forma é
que nos aglomeramos através de grupos sociais, religiosos e familiares, numa
tentativa de saciar a nossa necessidade do pertencimento. Isso quando não desviamos
o foco de nossas carências ao consumo, que por si só é apelativo, e nos
perdemos nos turbulentos caminhos da corrida competitiva do dia a dia em busca
de melhorias as vezes imaginarias, para satisfação do ego, da vaidade e nos perdemos
da nossa essência, originalidade e autonomia, passamos a viver para a aparência
do físico, de coisas materiais, em detrimento de nossa vida emocional.
Tudo
acontece tão rapidamente que de repente nós olhamos no espelho e verificamos a
primeira ruga, o primeiro vinco cavado na face, nos surpreendemos com a
crueldade do tempo, o incansável tempo que implacável passava enquanto nos
perdíamos em meio a vaidades e conquistas supérfluas.
Quais
são, portanto os nossos desejos? Quais são implantados em nossa mente, e quais
realmente são nossos? Qual é a segurança que temos ao enfrentarmos um dia cheio
de tarefas, compromissos, que esses realmente são importantes? Que chegaremos
ao fim de nossa jornada e verificaremos que valeu a pena? Que garantia temos?
Como poderemos atravessar incólumes pela turbulência do viver? Onde estamos centrados? Do que precisamos,
disso ou daquilo?
É
necessário voltarmos nossos sentidos para a real vida, para a nossa essência,
para que quando chegarmos ao crepúsculo de nossas vidas, olharmos no espelho e
contar as marcas fincadas em nossa face e enumerá-las uma a uma, como um troféu
de honra ao mérito, por ter vencido essa longa batalha chamada vida e quando
perguntado se gostaríamos de viver novamente a mesma vida, responder: quantas
vezes forem possíveis.
Pense
nisso.
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