No mês de junho muito se fala do
amor, de romantismo, de carinho, da cumplicidade no relacionamento e a
felicidade de compartilhar uma relação onde exista a troca e a serenidade em conviver.
Porem nem sempre é assim, existe os relacionamentos possessivos, obsessivos,
que diante de um sentimento que deveria ser de harmonia e tranquilidade, acaba
se tornando em tragédia e destruição.
A mídia está explorando o
recente acontecimento trágico ocorrido nos tramites dos sentimentos
relacionados ao amor obsessivo. O caso da advogada Elise Matsunaga, que de
relacionamento considerado como o sonho de uma menina vinda do interior, se
tornou o seu maior pesadelo.
Se formos caracterizar o
referido caso como um relacionamento obsessivo, poderemos considerar a grande
ansiedade gerada nessa relação estressante, esmagadora e dolorosa. Quem pode
medir um sentimento, uma patologia? Do que o ser humano é capaz quando se sente
ameaçado? Vimos também recentemente um caso da senhora idosa que atira
corajosamente no indivíduo que entra em sua casa para furtar, foi em legítima
defesa, ou ela fazia isso ou sabe-se lá o que aconteceria! Ela defendia sua
vida, sua casa. E a Elise o que defendia? A sua dignidade? O seu amor? O que
motivou aquela criatura ao ato tão extremo? O que a impulsionou para apertar o
gatilho? Ela agiu friamente ou foi movida pelo medo, que lhe gerou o
comprometimento emocional, tentando buscar uma saída para fugir da realidade.
Amor e ódio, os sentimentos se completam e
interagem formando sentimentos entrelaçados, angustiosos e terrivelmente
insuportáveis!
Quem é a vítima nessa história
toda? Quem morreu primeiro? Ela ou ele?
Não há defesa nem acusação de nossa parte, simplesmente a consideração da posição de mulher atormentada por um
relacionamento por demais confuso e esmagador, misturado entre realidade e
fantasia, composto de insegurança e traição.
O que poderemos considerar em um país onde é
grande o número de mulheres que sofrem espancamentos, são humilhadas, onde
ainda é preciso formular leis para garantir
a sua integridade física e emocional? O que podemos avaliar de tantos
casos de assassinato pelo nome “amor”? Quantas mulheres foram mortas de forma
cruel e desumana? Quantos homens da mesma forma sofrem pressões emocionais e
são também mortos em nome do amor? Será que estamos confundindo os sentimentos?
Posse, obsessão, subjugação, com amor, companheirismo, cumplicidade,
serenidade, união? Quem pode mais? Eu ou você? Será que não seria melhor
considerar o nós? Qual o peso da situação econômica? Do poder, da dominação?
Em uma sociedade conturbada como
a nossa onde valores estão visivelmente sendo invertidos, onde não sabemos mais
em quem confiar, pois que religiões se formam à vontade, sem critérios, estudos
mais profundos, onde se oferece milagres de todos os tipos, atraindo um grande
número de pessoas carentes de acreditar no sobrenatural como uma forma de
preencher o seu vazio existencial e como uma forma de chegar mais rápido aos
reinos dos céus, fazendo uma barganha com Deus, praticando boas ações em troca
de um caminho mais rápido para o céu, com linda casa com jardim e tudo o mais
lhe aguardando pós-morte? O que podemos considerar em um país onde todos falam
tudo de mentirinha? Onde todos juram honestidade eterna, quando na verdade
praticam falcatruas das grossas? O que considerar? Prendem ladrões de galinhas
e os de colarinho branco ficam por aí bancando de inocentes, prestigiosos,
sempre voltando ao comando, como um círculo vicioso? O que considerar de um
povo que é dócil para com os políticos corruptos, mas em contrapartida cometem
crimes das mais variadas formas com seus semelhantes, seus pares?
A roda viva continua, amanhã
será outro dia, outros acontecimentos estarão em mídia, outros focos e fatos
serão discutidos, alguns farão de conta que está tudo bem, outros lutarão até o
fim para manter o poder e a evidencia, louvores subirão até os céus, políticos
subirão nos palanques por aí à fora bradando aos quatro cantos as suas
qualidades e o quanto será bom para a sociedade e nós como marionetes faremos o
nosso pequeno espetáculo fingindo que acreditamos!
E diante disso tudo o amor
sempre sobrevive, o verdadeiro.
É isso, acredite se quiser.
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