quarta-feira, 27 de junho de 2012

A animalidade humana




Quanto há em nós de instinto, de sentimentos ainda animalizados,  quanto falta para atingirmos por completo a plenitude do ser humano?

Esta semana presenciei uma cena que me entristeceu sobremaneira, por vários motivos, o primeiro por verificar que o ser humano beira a bestialidade de ações quando  julga que não está sendo observado, o segundo por presenciar o quanto custa uma maldade gratuita a seres indefesos.

Estava percorrendo o trajeto que faço do trabalho para casa, quando em determinado trecho ouvi gemidos e estalar de batidas, sequentes, aterrorizantes, impiedosas, parei, ouvi , segui, não me conformei e voltei. No momento em que virei para voltar, um brutamonte, chamado ser humano, com um pau na mão, agredia um pequeno cachorro, e o jogou porta a fora, na calçada. O animal gritava e se contorcia todo. Era momento de saída da escola próxima ao incidente e eu com vários alunos corremos para acudir o animal, resumindo o cachorro não resistiu aos ferimentos e acabou morrendo. O indivíduo foi parar na delegacia e terá que responder pelo ato extremamente cruel que cometeu.

Para nós fica a reflexão do que o ser humano é capaz, de onde surge tanta crueldade?

Desde os primórdios da existência em nosso globo terrestre, houve os momentos de experiências, de aprendizado, fomos buscando o conhecimento e foram surgindo várias necessidades de defesa para a nossa subsistência, passamos por vários conflitos que nos possibilitaram a percepção de nossa situação enquanto ser vivo.

Tudo bem, tivemos que passar por dolorosas experiências, tivemos oportunidades de escolhermos os caminhos que percorremos e fomos aos poucos formando tribos, desenvolvendo grupos de convívio onde no processo coletivo, difícil por si só, criamos nossos mecanismos de defesa, adquirimos vícios comportamentais, sedimentamos valores de acordo com cada cultura, cada região. Caminhamos lentamente a procura de nós mesmos. O que justifica atos bárbaros que ainda praticamos? Por que uns seguem sem muitos percalços, e outros caem a todo o momento, cometem falhas, se desculpam, cumprem pena restritiva e logo mais começam tudo de novo?  Dizem que é culpa do livre arbítrio que temos por causa de nossa inteligência, até que é plausível de compressão, mas que inteligência é essa que se resvala pelo submundo de nosso cérebro e provoca reações perversas, desonestas e às vezes incompreensíveis? Volto a perguntar: porque uns e outros não? Será necessário retornarmos no tempo, começar tudo de novo? Ou esperar o juízo final, onde será separado o joio do trigo? Acontece que começará tudo novamente, lembra-se da Arca de Noé? Era de se esperar um novo mundo, e o que vemos hoje? Onde está o erro das ações perfeitas?

Portanto a conclusão que chegamos é que precisamos mais do que reflexão, o que precisamos é de tomadas de decisões e atitudes que realmente transforme alguma coisa, mesmo que seja simplesmente um comportamento que nós imaginamos seja insignificante, pode fazer a diferença. Enquanto não nos posicionarmos responsáveis pela sociedade na qual vivemos, não teremos o compromisso de nossa própria mudança de atitude, delegaremos tudo para terceiros, transferindo as nossas necessidades para o governo, a política, nossos pais, nossos professores, amigos, e daí começa outra longa história que poderemos discutir em outro artigo.

O que mais nos revolta é o silencioso grito dos inocentes, o choro dos pequeninos, o sofrimento de muitas mulheres que ainda são espancadas, a fome de muitas crianças, as diferenças econômicas e financeiras e em contrapartida a indiferença dos comandantes, dos que detém o poder. O que esperamos dos líderes religiosos? Que nos guie aos caminhos do bem? O bem por sua vez vence o mal?

E naquela rua, naquele momento presenciamos um dos atos perversos do ser humano, conferindo que muito há ainda em nós da animalidade primitiva, muito ainda nos falta para dela nos livrarmos.

Pense nisso.

Nenhum comentário: